terça-feira, 23 de agosto de 2011





Como um povo sem perspectiva de melhora pode viver em um lugar caótico e não se render a revolta e “lutar”, ainda que da forma errada, por seus direitos? Como pode um povo que não tem o mínimo para sobreviver, ver outros com tanto e não fazerem nada?. Como pode uma criança ser criada no meio do crime não se corromper? Essas e outras perguntas são tratadas no filme Cidade de Deus, de direção de Fernando Meirelles, baseado na obra de mesmo nome de Paulo Lins, que conta a historia do bairro Cidade de Deus, situado na cidade do Rio de Janeiro.
Década de 60, o governo vê a necessidade de fazer uma “limpa” na cidade, tirar todas as favelas para que fosse mais habitável. Solução? Cria-se um bairro aonde mais de 38 mil habitantes são “jogados” sem a menor infra-estrutura. Nada melhor do que jogar a poeira para debaixo do tapete. Assim nasce o bairro Cidade de Deus, um lugar ignorado pelos políticos, o “verdadeiro inferno na terra” (Filme Cidade de Deus). Um exemplo clássico de segregação sócio- espacial. Cada um do seu lado, enquanto os ricos não vêem os problemas, os pobres se revoltam e buscam uma maneira de ganhar dinheiro. Como? “Trafico de drogas, o negocio mais rentável do momento” (Filme Cidade de Deus), a partir dai já conhecemos o cenário, assassinatos, assaltos, corrupção, tudo consequências da sujeira debaixo do tapete.
As pessoas começaram a vir para a cidade em busca de condições melhores de vida, quando não conseguem se sustentar em bairros com saneamento básico, transporte púbico, buscam lugares em que consigam sobreviver, assim nascem as favelas, espaços onde as pessoas sem condições de viver em um ambiente com infra estrutura sobrevivem sem, muitas vezes, saneamento básico, água tratada, transporte. Ou seja, vivem em condições subumanas, segregadas do restante da cidade. O governo, agente responsável pela melhora dessa situação não se importa com os marginalizados, se importa apenas em como fazer uma cidade melhor,se esquecendo do problema. Assim, famílias inteiras são desalojadas de aglomerados e são enviadas a bairros ainda mais distantes do centro, com uma infra estrutura precária sem ter o problema solucionado.
Ao invés de o tratarem o problema pela raiz, proporcionando moradia, educação e transporte digno para todos, o problema é levado cada vez para mais longe, causando indignação e revolta aos que foram marginalizados. Dentro das favelas o crime é que da o tom, assim, a grande maioria cresce pensando que o crime é a única solução, há ainda uma minoria que tenta sair do meio, mas por falta de incentivo não consegue. Sabemos que dentro das favelas existe um grupo que pode ser recuperado, por que não investir? Investir é caro, é para longo prazo, é não ver resultados imediatos, e isso, o governo não quer. Resta então às instituições privadas, igrejas, ONG`s a tarefa que cabe ao governo.
A violência é nada mais que uma consequência da segregação, uma consequência de se ignorar essa classe que é tão necessitada. Assim, para acabar com a violência e com o medo, não devemos acabar com as favelas e sim, melhorar as favelas, dar condições dignas para que as pessoas sejam inseridas na sociedade.
Essa é a critica do filme que retrata a história de pessoas que foram segregadas, que lutam para não se corromper, crianças que desde cedo já são iniciadas no trafico, a revolta e as necessidades do lugar, o descaso de um governo que ignora os necessitados. Essa é a historia de um desses bairros, a Cidade de Deus, mas sabemos que ele não é o único. 
Lançado em 1997, Cidade de Deus, de Paulo Lins, foi levado às telas por Fernando Meirelles (Menino Maluquinho 2 e Domésticas, o Filme). Mas Fernando define Cidade de Deus como um "filme de turma" - uma obra que não teria sido a mesma sem a contribuição de toda a equipe, principalmente da co-diretora Katia Lund; do roteirista Bráulio Mantovani; do diretor de fotografia César Charlone; do montador Daniel Rezende e do diretor de arte Tulé Peake. Sem mencionar o elenco, formado por centenas de jovens atores, quase todos em seus primeiros papéis no cinema. A pré-estréia mundial aconteceu em maio passado, no Festival de Cannes, onde o filme foi considerado a grande descoberta do evento: "É uma sensação maravilhosa entrar numa sala de projeção para assistir a um filme de que pouco se sabe e perceber que se está diante de uma obra-prima", escreveu Andrew Pulver, do jornal inglês The Guardian.
 SINOPSE
 O principal personagem do filme Cidade de Deus não é  uma pessoa. O verdadeiro protagonista é o lugar. Cidade de Deus é uma favela que surgiu nos anos 60,  e  se tornou um dos lugares mais perigosos do Rio de Janeiro, no começo dos anos 80.
Para contar a estória deste lugar, o filme narra a vida de diversos personagens, todos vistos sob o ponto de vista  do narrador, Buscapé. 
Este, um menino pobre, negro, muito sensível e bastante amedrontado com a idéia de se tornar um bandido; mas também, inteligente suficientemente para se resignar com trabalhos quase escravos.
Buscapé cresceu num ambiente bastante violento. Apesar de sentir que  todas as chances estavam contra ele, descobre que pode ver a vida com outros olhos: os de um artista. Acidentalmente, torna-se fotógrafo profissional, o que foi sua libertação.
Buscapé não é o verdadeiro protagonista do filme: não é o único que faz a estória acontecer; não é o único que determina os  fatos faz a estória acontecer; não é o único que determina os  fatos principais . No entanto, não  somente sua vida está ligada com os acontecimentos da estória, mas também,  é através da sua perspectiva que entendemos a humanidade existente, em um mundo aparentemente condenado por uma violência infinita.

FICHA TÉCNICA: 
Título original: (Cidade de Deus)
Lançamento: 2002 (Brasil)
Direção: Fernando Meirelles
Atores: Matheus Nachtergaele, Seu Jorge, Alexandre Rodrigues, Leandro Firmino da Hora.
Duração: 135 min
Gênero: Drama
Trailer:

FONTE: 



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